Não posso dizer que sempre fui tranquila quanto ao que o Ari
Bernardo entenderia por ser adotado.
Ele é o filho mais maravilhoso e incrível que eu jamais poderia
imaginar. Quanto a mim, não ser mãe biológica dele não interfere em
absolutamente nada no meu amor, responsabilidade, educação e tudo que uma mãe
tem de ligação com um filho.
Mas não sabia o que se passava ela cabeçinha dele. Não sabia,
agora sei.
Também sei que esta compreensão vai se modificar com o tempo e
que novos sentimentos podem nascer, mas por hoje sei o que ele internalizou.
Na escolinha fui chamada à Direção “Poxa, este guri só tem quatro anos!” Foi o que pensei em
princípio.
A diretora disse “Nem
imaginas o que teu filho aprontou ontem...”
“Ai” - pensei. “Pode falar” – falei.
“Ele fez todo mundo chorar.”
“Ai, ai...”
Na hora do conto, varias turmas são reunidas e neste dia a
contadora falava de um cavalinho que não tinha nascido da barriga da mãe e foi
aí que entrou meu filho. Ele levantou espontaneamente a mãozinha e disse:
“Eu também não nasci da barriga da minha
mãe, nasci do coração dela. E eu amo muito a minha mãe.”
A diretora disse que todas as professoras choravam, assim como
eu estava chorando ao ouvir a história. Ele deu uma pequena palestra sobre ser
adotado e finalizou:
“Eu não nasci da barriga dela, eu sou um
anjo e vim direto do céu.”
Minhas lágrimas escorriam enquanto ela me contava. Meu coração
apertado de alegria, alívio e orgulho. Sempre tratei deste assunto com ele, mas
não sabia o que tinha absorvido. A diretora me falou da maturidade e tranquilidade
dele com relação ao tema.
Para o Ari Bernardo, o que o torna diferente das outras
crianças e poderia deixá-lo diminuído, provocou inclusive reação inversa, certa
vaidade por ser “especial.”
Não sei qual será a próxima fase. Mas fiquei muito feliz de
saber que ele se acha especial – e ele é.
É um ser iluminado e especial.
Grandioso como o amor que tenho por ele.