quinta-feira, 17 de abril de 2014

Nenhum amor verdadeiro atrapalha

          A primeira palavra inteligível do Ari Bernardo foi... “mamã”, claro!
          A segunda “papa”, a terceira “Bill”, a quarta Chacho (história que já contei na publicação anterior).
            O "Bill” era o Billy, que já era meu cão/filho antes do Ari Bernardo chegar. Ele dormia conosco, almoçava conosco, viajava conosco, enfim, sempre grudado. Um dogstreet que adotamos após o encontrarmos atropelado.

            Fiquei curiosa com a reação que o Billy teria com a chegada do bebê. Ele começou cheirando, que é o que os cãezinhos fazem para reconhecer as pessoas. No início ele passava muito tempo olhando pro Chacho e um dia o encontramos dormindo no berçinho. Ele insistiu muito nisso, mas acabou aprendendo que o lugar dele não era ali.

            A fase seguinte foi uma mistura de reações. Quando o Chacho tinha aqueles ataques de choro o Billy sumia, tipo assim “Isso  não tem nada a ver comigo”, aos mesmo tempo que passou a proteger o “filhote”. As pessoas vinham visitar o Ari Bernardo e jamais conseguiam chegar perto do berço ou do bebê se eu não estivesse junto para permitir. Ele chegou a avançar, sem machucar, até mesmo em minha sogra. Movimentos bruscos, ou vozes alteradas de estranhos com o bebê o faziam se aproximar, e de orelhas em pé, observar a situação.

            Alguns diziam que ele estava ficando bravo, que era um perigo. Mas eu sabia que não, sabia que ele tinha absorvido, aceito e se afeiçoado ao bebê. Muitas vezes ele ficava no quarto enquanto o Ari Bernardo dormia, ao invés de ficar onde eu estivesse. Também me avisava quando o bebê chorava.

        Desde o primeiro momento de compreensão, o Ari Bernardo também gostou dele. Chamava o “Bill”, ria com ele, brincavam juntos, dormiam juntos. Hoje, passados quatro anos, eles são amigos, irmãos. 


                                            Lado a lado, Billy e Ari Bernardo.


          Claro que o Billy perdeu uns privilégios comigo, mas o Ari Bernardo ganhou alguém para exercitar sua responsabilidade e amor. Ele faz questão de alimentá-lo e repassa ao Billy conselhos importantes:
            - Billy, não pode brigar com teus amiguinhos;
            - Billy, não pode deixar comida no prato;
            - Billy, tem que tomar banho, sim;
            - Billy, não precisa ter medo de trovoadas e raios, são só as nuvens se encontrando para fazer chuva.

          Claro, que às vezes pego ele examinando o cãozinho/irmão. Remexe nas orelhas, procura a “pingola” e quer ver todos os dentes... E o Billy ali, paciente como nunca foi com ninguém.

            Num prognóstico dentro da normalidade, o Billy tem pela frente de quatro a seis anos a mais de vida. E para o Chacho a oportunidade de conviver com um tipo raro de amor, o puro, sincero e despretensioso, até por volta de seus dez anos.


            Não tenho dúvida alguma do benefício de ambos com esta convivência. Se você tem um filho canino, não abra mão de mantê-lo junto com a criação de seu bebê, isto enriquecerá diariamente a vida de sua família. Tenha certeza disto.

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