terça-feira, 15 de abril de 2014

O dilema carreira x maternidade e como eu me tornei mãe em tempo integral

Eu sou a Fran, mãe de dois. Do Pedro de 3 anos e da Laura de 2 meses. Psicóloga por formação, deixei o lado profissional em off, para exercer a maternidade de um jeito que eu nem sabia que queria. Começo minha trajetória aqui no blog, contando como me tornei a mãe que sou hoje, enfatizando uma das primeiras escolhas que a maternidade impõe: Maternidade versus carreira. Escolha tipicamente feminina.
Na primeira gravidez, vivenciei a gestação como a maioria das mulheres grávidas de primeira viagem, feliz da vida e cheia de expectativas. Trabalhava na cidade que eu morava, em um emprego que eu curtia muito, me sentia super realizada profissionalmente. E sobre as escolhas que teria que fazer após o nascimento do Pedro, entre ficar com ele ou continuar a trabalhar, nem precisei fazê-las, na verdade nem deu tempo para pensar sobre isso, o universo conspirou e fez por mim. Meu marido, logo no início da gravidez, recebeu a notícia de seu trabalho, que seria transferido para outra cidade, em outro estado.
E assim foi, aos 40 dias de vida do meu bebê embarcamos para o novo, para o desconhecido. Cheia de curiosidade e medos, percebi que éramos nós três e assim eu mergulhei de cabeça na maternidade que nem deu espaço para pensar em vida profissional. Passado os quatro meses de licença maternidade, a distância, solicitei minha demissão e assim estou até hoje. Situação que é pensada e decidida junto ao meu marido, que compartilha das minhas idéias sobre criação de filhos, e mais que isso, respeita e apoia minhas escolhas. Acredito, e ele compartilha dessa crença que filhos devem ser prioridades e pensando assim foi que abdicamos de algumas coisas e decidimos que os cuidados e educação deles seriam de responsabilidade somente nossa, pois acreditamos que dessa forma eles crescerão muito mais saudáveis e felizes, vivenciando plenamente a infância, recebendo os benefícios do aleitamento materno em livre demanda e estabelecendo uma criaçao intima e apegada aos pais.

Quando meu filho estava perto de completar 3 anos, me vi grávida novamente. Era bem isso que eu queria, outro filho enquanto o mais velho não estivesse muito crescido. E digo isso, assim cheia de certeza, pois nesse momento eu já estava inserida no exercício integral da maternidade.
Tá certo que este é um exercício corrido e pra lá de cansativo, mas super prazeroso. Vibrei e vibro em poder, de pertinho, ver as conquistas dos meus filhos, acompanhar o desenvolvimento, os primeiros "tudo", sorrisos, papinhas, passinhos. Levar e buscar na escola, sem ser correndo, preocupada com o compromisso, poder ficar de papo com outras mãe na porta da salinha, ouvir atentamente o que a professora diz, ficar de longe espiando ele no parquinho, cuidar da mochila com dedicação, ver o livrinho que ele trouxe, ler o livrinho com ele, ficar atenta a data para devolvê-lo, essa coisinhas que podem parecer bobagem, mas que me trazem um enorme prazer. 

Tá, eu confesso, as vezes (várias vezes) sinto uma pontada de inveja daquelas mães que vão levar os filhos todas arrumadas, maquiadas, de salto enquanto eu estou lá de rasteirinha e rabo de cavalo, porquê poxa, eu também sou uma mulher vaidosa. Então, aproveito pra caprichar no look quando vou passear com a família ou com as amigas, pois não deixo de marcar um salão pra cuidar das unhas e dos cabelos. Afinal, meus filhotes merecem uma mamãe com a auto estima em dia. Claaaaro que a frequência do salão é bem reduzida, é quando dá, e se não dá eu enrolo em casa mesmo. E é isso que importa, aproveitar o tempo livre, que aqui são nas tardes, enquanto um vai pra escola e a outra dorme, que tiro um tempinho pra fazer o que eu estou afim de fazer no momento: um cuidado comigo, arrumar a casa, fazer um bolo, ler, escrever, ou dormir, porquê não?

Tudo isso que estou falando, é o que serve para mim, para minha vida, pois sou feliz dessa forma. Mas talvez, talvez não, com certeza essa forma não se aplica a todas as mulheres, outras por vontade, necessidade ou prazer escolheram o outro lado, e nem vão ter filhos, e tudo ok se é isso que ela deseja. Outras escolheram o caminho do meio e aprenderam a conciliar a carreira com a maternidade, contando com ajuda de terceiros ou reduzindo carga horária, trabalhando em home office, enfim encontraram um jeito de não se desligar da vida profissional. E ai é que está, cada uma deve se questionar sobre o que lhe faz feliz o que lhe realiza de verdade e junto a estas respostas perceber suas necessidades e principalmente suas prioridades e realizar sua escolha, certa e consciente que é a melhor que pode tomar naquele momento.

Hoje olho para traz, certa de que o rumo que minha vida tomou, foi tão bacana, em se tratando de maternidade, que eu sozinha não teria feito assim. Curto e aproveito o momento, convicta de que o lado profissional esta guardadinho e que no momento que eu julgar ser o conveniente, eu volto.

Franciele Alves Rodrigues
Psicóloga

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