domingo, 11 de maio de 2014

Como introduzir comidas na alimentação dos filhos. Deixar sem comer! Já ouviram isso?

Olá mamães e futuras mamães, em primeiro lugar, quero parabenizá-las pelo dia de vocês. Feliz dia das mães!

Hoje vamos dar algumas dicas de como induzir seu filho a comer.

 

A partir do momento que se tem filho ou filhos que não come, busca-se ajuda de muitos lugares e de todos, sempre será bem vindo. Ajuda dos vizinhos, médicos, internet, amigos... e em alguma situação receberás o seguinte conselho: "Deixa sem comer pra ver se não resolve!"

Então os pais tentam o quanto aguentam. Por que essa frase, tão simples, é carregada de significados e sensações para os pais dos picky eaters (nome utilizado hoje, para definir as crianças que não comem). E surgem as diversas dúvidas e indagações:
Vai ficar sem comer? Até quando? Vai ficar doente se não comer? Vai sofrer?
E você pode pensar: Meu Deus, meu filho está sem comer há 7 horas e 35 minutos!
Calma. Respira. Vamos falar um pouco desse "deixar sem comer"?
 
Na verdade, esse é um bom conselho. Utilizamos o “deixar sem comer” para favorecer o apetite. O maior tempero é a fome. Se a criança não tem um espaço de tempo entre as refeições sem comer nada (nem suco, nem fruta, nem bala, nada! Apenas água), o apetite não vem, jogamos contra nós mesmos, somos nossos próprios sabotadores.
Por isso, se você quer auxiliar seu filho a comer melhor, determine horários para refeições (café da manhã, almoço, lanches, jantar), cuide para criar um espaço entre elas, de 3 a 4 horas, e sirva comida apenas nesses horários pré-estabelecidos. Isso é uma manobra para facilitar o apetite, mas todas as crianças deveriam comer com intervalos regulares de tempo, e não beliscar o dia todo.

Mas deixar sem comer não pode ser visto como um castigo, do tipo: "olha filho, se você não comer, não vou te dar nada!"; "se não comer, vai ficar sem comer o dia todo"; " se não comer, só vai ter esse prato de comida para você comer o dia inteiro".


Tem que ser visto como simples e pura regra da casa:
"Não está com fome? Tem certeza, está satisfeito? Por que o lanche só será servido às 15:00 horas e até lá, você pode ter fome. E seu filho responde: Tudo bem"
(quando na verdade tudo bem nada... mas repita o mantra: precisas ser neutra)

Se você o ameaça, o coage, voltarás à estaca zero, a refeição sem prazer, com medo, com insegurança. A mensagem é: você tem um mau comportamento, você não come e por isso, será punido. Vamos tentar nos colocar um pouco no lugar da criança. Eu acredito que a criança tem sim, vontade de comer. Mas a menor tensão nesse momento cria uma angústia que destrói qualquer pequeno apetite.

Se você respeitou a decisão do seu filho, pulamos uma refeição. Mas ainda não acabou. Aquelas pequenas mãozinhas vão atrás de algo para comer, já que a última refeição foi insuficiente, e a barriga começa a reclamar. Agora, é a hora do limite. Sem brigas, sem entrar em discussão, mas com firmeza. "Filho, agora não é hora de comer. Às 15 horas vai ser servido o lanche, faltam 2 horas, vamos fazer outra coisa?". E ele reclama, chora, diz que está com fome. E você, fica firme o relembra: você sente fome agora por que não comeu o suficiente na última refeição. 

Se você serve algo logo após, envia uma mensagem incerta. E seu filho apenas responde à essa mensagem. Se os pais entregam a mamadeira (ou outro alimento) em uma situação assim, dizem para a criança que isso é certo. A criança entende que, se as pessoas que ela mais ama e que "sabem de tudo", entregam a mamadeira com um pouco mais de choro ou reclamação, tomar essa mamadeira é certo. Ela entende que pode comer, mas se preferir, pode tomar a mamadeira, ou outro alimento já conhecido. A criança não faz chantagem, é resposta à mensagem. Ela responde que prefere a mamadeira. Mas é importante que os pais entendam que faz parte do trabalho dos pais apresentar desafios, alimentos novos, sabores novos. E o desafio e o aprendizado também vem do limite, com carinho. Explicar que não vai comer porque não está na hora, e que, mais tarde, a criança poderá comer.

E na hora do lanche, sirva o lanche. Se você servir o prato de comida requentado da última refeição, vai induzir seu filho ao prazer de comer? Ou vai parecer um castigo, uma punição, já que o restante da família está tomando um lanche?
Mas você pode pensar, que assim ele mata a fome no lanche. Lembre-se o pulo do gato está em determinar o que servir (você decide, lembra?) e as porções. Pequenas porções para não atrapalhar a fome da próxima refeição. Para forrar o estômago, e não para matar a fome.


Deixar sem comer não é castigo, não é punição, não é ameaça. Deixar sem comer não é tortura com o mesmo prato mil vezes. Deixar sem comer, na verdade, não é deixar sem comer, é respeitar horários, é não permitir beliscos fora de hora, é ajudar seu filho a ter fome nos momentos certos, é para todas as crianças, e não apenas para a criança que não come, é ter comida no café da manhã, no almoço, no lanche, no jantar, e sim, ter a sobremesa, mas no momento adequado, e respeitar a negativa do seu filho.

Eu sei, que não é nada fácil. Na verdade, é bem difícil. O resultado é lento. Mas é recompensador. O intuito aqui é melhorar a dinâmica familiar, é trazer o prazer para a mesa, é tratar um picky eater com o carinho, atenção e o limite que ele deve ser tratado. E quando menos esperar seu filho estará habituado a comer nas horas certas em quantidades suficientes.

 Espero que as dicas possam ajudar. Beijos

Cristiane Schmitz 
Nutricionista 

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